domingo, 28 de fevereiro de 2010

Sobreviverei


Assassinos lacrimejaram em um berçário.


Cercado por familiares que

em gestos pré-infantilizados

tentavam comunicação

não com o predador a se arquitetar

mas com a formalidade ou

o amor ao próximo Rita Baiana:

sem frescura, atietado de tão nobre

descalço se preciso:

amor que nunca cora –

o único deveras.


Na cena mais bela

que a natureza pode proporcionar-nos

amamentaram-se.


Não consta que assassinos não se alimentam -

assim como padeiros, poetas e prostitutas que

com assassinos lacrimejaram em um berçário


ao lado de futuros pecuaristas e jogadores de futebol –

ainda que algum desses não tivera tempo

de driblar a pré-mortalidade ou tristeza que a valha

para errar dois escanteios.


Não consta que atletas nascem barbados.


Nestes pensamento apego-me

ante a ferida dos golpes

para não julgar mal um bebê:

uma rosada bochecha lançada à escuridão

sem nenhum destino traçado

exceto o de ser refém do meio.


Ele: a faca.

Eu: a concentração e o “ter com quem nos mata lealdade”.


Assoprarei sua barriga.

Com um sopro canivete

transbordarei sua boca em sorrisos –

são esses os glóbulos dele.

Nestes pensamentos apego-me.

Sobreviverei.



3 comentários:

Nanda disse...

Muito legal. Parabéns =)

Karlo Almeida disse...

Me senti meio distante lendo.

Acho que todos somos iguais, o que nos diferencia são nossas ações.

http://karloalmeida.blogspot.com/
to seguindo

;p

Bruna Assis disse...

Ué, sou de Goiás...Tenho interesse sim em participar desse grupo aí de poetas...me informe direitinho...

add aí : bruna.a@hotmail.co.uk