segunda-feira, 5 de abril de 2010

A Batalha das Aranhas Azuis


O meu golpe covarde (e certeiro)
pelas costas do inimigo
fez-se o ventre do qual
nasceram
milhares de estátuas
cada uma com o mesmo
par de olhos tristes que - ao
contrário de minha
boca - fecharei um dia.

Em todo onze de novembro
livres da inanimação graças
ao milagre anual
tais esculturas, em gangue, promovem
arruaças pelos
quatro cantos do mundo celebrando
o que a história não oficial
batizou
"A Batalha das Aranhas Azuis " -

Apedrejam vidraças universitárias
ao sul da Califórnia.
Na neve de Moscou, guerreiam, infantilmente.
As Tupiniquins disfarçadas
de escritores consagrados cometem
pequenos furtos
na lentidão dos semáforos.
Aos pés da Torre Eiffel (bem como
no ponto mais alto da Cordilheira
dos Andes) bebem
vinho comem
carneiro fumam
ópio tocam
flauta recitam
meus poemas e agradecem a Deus
pelo feriado não oficial.

Ao final do espetáculo voltam
cambaleando a seus postos e
misturadas às estátuas oficiais retomam
a certeza de que
quase nunca serão
notadas talvez
por um cachorro mijão
ou
sabe-se lá por
um universitário
extremamente
atento.


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