segunda-feira, 19 de agosto de 2013
quarta-feira, 30 de março de 2011
Memória é invenção de Memória
Há beleza: o absurdo entregar-se a ela.
O bebê que fui viaja no vão -
não está na moldura que a pose amarela.
Cidadão das nuvens
Renato Silva
Veja esse Som
A versão do CD, com os filhos do casal cantando ficou melhor ainda. A filhinha da Takai cantando é aquela coisa fofa. Mas os bichinhos mandam bem ...
domingo, 27 de março de 2011
Poesia Circense
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O abacate
O abacate projeto. O abacate conceito. Ainda sem cor e forma. O abacate rascunho. Ainda sem sabor. Antes do primeiro abacateiro desse mundo. O abacate na cabeça de Deus : uma idéia a concretizar- se. Cidadão das nuvens Renato Silva |
domingo, 6 de março de 2011
Para Cazuza musicar
A procura do sonhado paraíso
sempre acaba no primeiro inferninho.
Marionete de um furacão, aviso :
eu compro a briga de quem pagar o vinho.
Nuvens sempre hão de ser meu piso.
Mal-acompanhado, sigo sozinho;
sabendo que sou reza, sou riso
e nada sei (o que é saber um pouquinho).
Acredito em Deus, ele em mim.
Para onde vou, não sei, sei que vim
encarar o medo, tête-à-tête.
Nunca paro antes do fim;
acredito nos que dizem sim:
a puta, o padre, o pivete.
Cidadão das nuvens
Renato Silva
sexta-feira, 4 de março de 2011
Boa noite
Não durma com os anjos, anjo:
eles nunca mais
seriam os mesmos...
Útero e Algoz
Útero e algoz
Costurei um vudu
à sua imagem e semelhança
(para uso caseiro)
com a agulha
(útero e algoz)
que encontrei no palheiro
Por um erro de cálculo
saíste melhor e a encomenda
de uma multinacional
não tardou a chegar
O meu, sucesso de vendas
em toda a América Latina,
há de ter
concorrente à altura.
Poesia também é letra
Eu não sei exatamente onde estou indo
Mas eu estou tentando pelo reino, se eu puder
Porque isto faz me sentir como se fosse um homem
Quando eu coloco a agulha na minha veia
E eu direi a você, as coisas não são mais as mesmas
Quando eu estou apressado em minha corrida
E eu sinto como se fosse filho de jesus
E eu acho que eu simplesmente não sei
E eu acho que eu simplesmente não sei
Eu tenho que fazer a grande escolha
Eu estou tentando destruir minha vida
Porque quando o sangue começar a jorrar
Quando isto atirar e o pescoço pender
Quando eu estiver chegando perto da morte
E você não pode me ajudar agora, você cara
E todas suas doces meninas com suas doces conversas
Você todos podem ir dar uma volta
E eu acho que eu simplesmente não sei
E eu acho que eu simplesmente não sei
Tomara que eu renasça mil anos atrás
Tomara que eu esteja navegando no mar escurecido
Em um grande barco a vela
Indo desta terra aqui para aquela
Em uma roupa de marinheiro e chapeu
Longe da cidade grande
Onde um homem não pode ser livre
De todo o mal desta cidade
E dele proprio, e daqueles a sua volta
Oh, e eu acho que eu simplesmente não sei
Oh, e eu acho que eu simplesmente não sei
Heroina, é a morte para mim
Heroina, isto é minha esposa e isto é minha vida
Porque um caminho para minha veia
Conduzindo ao centro da minha cabeça
E então eu estarei melhor e morto
Porque quando o beijo começa a correr
Eu realmente não me preocupo com mais nada
Com todos os Jim-Jim's dessa cidade
E todos os políticos fazendo sons malucos
E todo o mundo colocando os outros pra baixo
E todos os corpos mortos empilhados em montes
Porque quando o estalo começa a fluir
Então eu realmente não me preocupo com nada
Ah, quando a heroina esta no meu sangue
E este sangue está na minha cabeça
Então agradeço a Deus que estou tão melhor morto
Então agradeço a Deus que eu não estou sabendo
E agradeço a deus que eu apenas não me importo
E eu acho que eu siplesmente não sei
E eu acho que eu simplesmente não sei
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
O nome da rua
Durante uma tempestade,
escolher, aleatóriamente,
um ônibus na Avenida Paulista.
Contar os passageiros:
três, descer no terceiro ponto;
sete, no sétimo;
dez ou mais, no décimo ponto.
Observar quantas pessoas
abandonarão o transporte
em minha companhia;
multiplicar o número dessas
(trata-se de um ritual noturno)
ao total de estrelas que constatarei.
O produto dessa sentença indicará
a quantidade de vezes que gritarei,
a plenos pulmões,
o nome da rua aonde
minha loucura pousará.
Cidadão das nuvens
Renato SIlva
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Poesia também é letra
As pessoas têm que acreditar
Em forças invisíveis pra fazer o bem
Tudo que se vê não é o suficiente
E a gente sempre invoca o nome de alguém
Uh Uh Uh, La La La, Ié Ié!
Uh Uh Uh, La La La, Ié Ié!
Uh Uh Uh, La La La, Ié Ié!
Ié Ié!
Acho muito caro que ele tá pedindo
Pra eu ter muito mais sorte menos azar
Acho muito pouco o que tenho no bolso
Pra ver o sol nascer não tem pagar
Uh Uh Uh, La La La, Ié Ié!
Uh Uh Uh, La La La, Ié Ié!
Uh Uh Uh, La La La, Ié Ié!
Ié Ié!
É certo que milagre pode até existir
Mas você não vai querer usar
Toda cura para todo o mal
Está no Hipoglós, no Merthiolate, Sonrisal
Quem tem a paz como meta
Quem quer um pouco de paz
Que tire o reboque que espeta
O carro de quem vem atrás
É certo que milagre pode até existir
Mas você não vai querer usar
Toda cura para todo o mal
Está no Hipoglós, no Merthiolate, Sonrisal
Quem tem a paz como meta
Quem quer um pouco de paz
Que tire o reboque que espeta
O carro de quem vem atrás
Uh Uh Uh, La La La, Ié Ié!
Uh Uh Uh, La La La, Ié Ié!
Uh Uh Uh, La La La, Ié Ié!
Ié Ié!
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Prazer! - Árvore
Menos de argamassa que maestros
segunda-feira, 5 de abril de 2010
A Batalha das Aranhas Azuis
pelas costas do inimigo
fez-se o ventre do qual
nasceram
milhares de estátuas
cada uma com o mesmo
par de olhos tristes que - ao
contrário de minha
boca - fecharei um dia.
Em todo onze de novembro
livres da inanimação graças
ao milagre anual
tais esculturas, em gangue, promovem
arruaças pelos
quatro cantos do mundo celebrando
o que a história não oficial
batizou
"A Batalha das Aranhas Azuis " -
Apedrejam vidraças universitárias
ao sul da Califórnia.
Na neve de Moscou, guerreiam, infantilmente.
As Tupiniquins disfarçadas
de escritores consagrados cometem
pequenos furtos
na lentidão dos semáforos.
Aos pés da Torre Eiffel (bem como
no ponto mais alto da Cordilheira
dos Andes) bebem
vinho comem
carneiro fumam
ópio tocam
flauta recitam
meus poemas e agradecem a Deus
pelo feriado não oficial.
Ao final do espetáculo voltam
cambaleando a seus postos e
misturadas às estátuas oficiais retomam
a certeza de que
quase nunca serão
notadas talvez
por um cachorro mijão
ou
sabe-se lá por
um universitário
extremamente
atento.
Carta de Rimbaud a Paul Demeny
domingo, 28 de fevereiro de 2010
Sobreviverei
Assassinos lacrimejaram em um berçário.
Cercado por familiares que
em gestos pré-infantilizados
tentavam comunicação
não com o predador a se arquitetar
mas com a formalidade ou
o amor ao próximo Rita Baiana:
sem frescura, atietado de tão nobre
descalço se preciso:
amor que nunca cora –
o único deveras.
Na cena mais bela
que a natureza pode proporcionar-nos
amamentaram-se.
Não consta que assassinos não se alimentam -
assim como padeiros, poetas e prostitutas que
com assassinos lacrimejaram em um berçário
ao lado de futuros pecuaristas e jogadores de futebol –
ainda que algum desses não tivera tempo
de driblar a pré-mortalidade ou tristeza que a valha
para errar dois escanteios.
Não consta que atletas nascem barbados.
Nestes pensamento apego-me
ante a ferida dos golpes
para não julgar mal um bebê:
uma rosada bochecha lançada à escuridão
sem nenhum destino traçado
exceto o de ser refém do meio.
Ele: a faca.
Eu: a concentração e o “ter com quem nos mata lealdade”.
Assoprarei sua barriga.
Com um sopro canivete
transbordarei sua boca em sorrisos –
são esses os glóbulos dele.
Nestes pensamentos apego-me.
Sobreviverei.
Protesto
algumas letras "Os" deste texto estão de ponta cabeça.
Outras, cães, inimigas de si
ou ao menos do rabo, giram, incessantemente
como se a inércia expelisse ruídos capazes de
a musa da inspiração, destroná-la
do alvo algodão de sua nuvem,
convertendo-a a terrestres estratagemas.
As experientes, sabedoras que este protesto é,
a moda de certos répteis,
o veneno que cura, mantém-se de pé:
imponentemente rechonchudas.
Menos a última
que não entende destas coisas paradoxais.
sábado, 12 de dezembro de 2009
O outro lado
O outro lado. Nem anjos, nem demônios: a autópsia deles.
Nem gnomos, nem dragões: a autópsia deles.
O que imagino de lá, extingue-se - como pensar em diversas formas de morte para que nenhuma aconteça ou eu morra mago, um nobre vidente.
O outro lado.
Como parar a moeda em pé? Permita-me Einstein. Grite-me Papa. Acalme-me Buda. Sussurre-me Alá. Sem truques, como pará-la?
Eu escuto o lado B dos discos para esconder o lado A.
O outro lado.
É o orgasmo, querida, o que mais aproxima-nos dele - pois não conhecemos o amor.
Que nós, apaixonados pela falta de amor próprio, elejamos chave, o orgasmo - que dissolver-se-á antes, sempre antes, de chegarmos ao portal.
O qual imagino todo mar cristalizado em única, imensa, bela e tenebrosa onda (só para que não seja) - como pensar em diversas formas de morte para que nenhuma aconteça ou eu morra mago, um nobre vidente.
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