quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O Éden e o Orvalho


Filha bastarda do ménage à trois
(a saber: álcool - carência - DJ),
nascera, nesta boate,
a intimidade entre estranhos:
Narciso a esperar, da manhã,
o orvalho
aonde mergulhará a imagem
de sucesso do seu fracasso.

Carrega em seu DNA
primeiros últimos beijos
(essa navalha que estraçalha românticos
ao desprender camaleônicos sutiãs);
eternos amigos de poucas horas que
nem se lembrarão o quão
geniais e medíocres estão
logo o Éden se transforme
no ganha pão das faxineiras; e
como não,
algo de Carpe Diem: a última: dança,
beijo, molestação autorizada, aperto de mãos,
manifestação de simpatia ao próximo,
porre, abraço, copulação,
vontade de explodir em luz e som :
algo que nossas avós fariam igual,
desprovidas de saias tão longas -
velhas costuras de naftalina
da onipresente coersão social.

Bebemos uma nova alma
sonhando hipnotizar
aquele que nos hipnotiza
com seu aparato anti lual, minha ninfeta -
por nossos Buarques Mutantes,
nossos Riders on the storm e nossa
mulher de Los Angeles
no último volume
a estilhaçar as vidraças
de todo e qualquer ouvido.

E, engraçado, seres tão sincera,
em seu hálito de menta e cabelo maçã,
em seus olhos pré crepúsculo sem chuva,
com alguém tão
novo quanto desengonçado,
um ser de quem pouco sabe do que jamais importará,
mas, as mesmas vertigens
sempre sentira e sentirá:
desde o dia em que nascera
até o outro que nascerá.