Do amor que dedicamos aos bichos
- por serem crianças e loucos e
não saberem de nada (e,
com efeito: detestamos os sábios ) -
aproveita-se meu gato e, na calada da noite,
emite a senha para que eu lhe encha o prato.
O faço. E
ao abrir a janela para
que a fumaça disperse
o felino escapa de encontro ao cio.
Nesse jogo de cartas marcadas,
fumarei (ainda que não suporte
o cheiro da fumaça)
quando o larápio quiser, pois
do amor que dedicamos aos bichos
- por serem crianças e loucos -
nasce o desejo: da idosa abandonada
viver um dia mais;
das crianças doentes sorrirem e resistirem ao Câncer;
de
o ambulante que vende cigarros
falsificados,
na calçada paralela,
falar de futebol comigo,
que nem gosto de futebol.
3 comentários:
Foi um toque a mais ler isso justo no dia que perdi meu gato!
Muito bom... sem palavras!
Beijos
É porque em muitas vezes os bichos são melhores amigos do que os próprios seres humanos. ;)
Abraço.
Da 'matéria' alterada, das mutações da genética, das células tortas - somos todos iguais. Nós, as pessoas que são assim, inteiras.
Gostei, Renato!
beijo,
El.
Postar um comentário